A cidade do Rio terá seu primeiro clube de piscina de ondas, em um projeto de R$ 1 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV) que aposta na demanda latente por surfe mesmo a poucos minutos da praia. A Brasil Surfe Clube (BSC), que está finalizando a construção de um empreendimento do tipo em Búzios, fechou acordo com a Carvalho Hoskenpara erguer um clube na Barra Olímpica, na agora chamada Zona Sudoeste.O clube será construído em terreno de 40 mil metros quadrados da Carvalho Hosken, ao lado do Shopping Metropolitano e nas imediações do hotel Hilton. O investimento está estimado em cerca de R$ 200 milhões. A expectativa dos sócios é iniciar as obras já no primeiro semestre do ano que vem e começar a operar 18 meses depois.
De acordo com Ricardo Laureano, CEO e cofundador da BSC, "as pessoas têm a percepção errada de que piscina briga com mar."
Pode parecer contraintuitivo, mas concluímos que a piscina tem que estar perto da praia, porque é onde está o meu mercado. O Rio tem 2 milhões de surfistas. Se fosse montar uma piscina longe da praia, eu teria que criar uma cultura do zero. Além disso, há uma grande oportunidade na mesa, que é o público feminino e infantil. Estamos mirando as famílias - explica.
A piscina da BSC Barra usará tecnologia Endless Surf, da gigante canadense dos parques aquáticos White Water, e oferecerá ondas de até 30 segundos de duração.
Com essas ondas, é possível aprender a surfar em uma semana, o que é impossível no mar - diz Laureano, advogado carioca que, antes da BSC, fundou as fintechs MaxiPago e Koin, vendidas à Rede (Itaú) e à Decolar.
O clube será de uso exclusivo de associados e seus convidados - e os titulares da piscina de Búzios poderão usar as dependências do clube do Rio. Os valores ainda estão sendo calculados, mas o plano é vender cerca de 3 mil títulos a um preço médio na casa dos R$ 350 mil - daí o VGV estimado em R$ 1 bilhão. Os associados também pagarão mensalidades entre R$ 500 e R$ 700. O título padrão dá acesso ao titular, ao cônjuge e a dependentes de até 26 anos, mas estão previstas versões mais baratas, 100% individuais, e para jovens associados.
A gente quer dar um prazo bastante longo para que a parcela do título e a mensalidade resultem em um valor compatível com outros clubes da cidade, com custo mensal abaixo de R$ 2 mil - diz Laureano.
Além da piscina em si, o empreendimento contará com restaurantes, sauna, co,vorking, academia, spa e quadra de beacl1 tennis. Dada a proximidade do Hilton, não está prevista a criação de hotelaria no projeto.
Segundo o CEO da Carvalho Hosken, Carlos Felipe de Carvalho, as negociações duraram quase um ano. O terreno escolhido faz parte de uma área da Barra Olímpica que a companhia reservou para futuros residenciais e nas imediações de projetos de data centers do Rio AI City, que tem o apoio da prefeitura.
A tecnologia escolhida é mais eficiente que as alternativas em termos de espaço. E o clube não gera densidade populacional e acrescenta paisagismo, o que acaba contribuindo para os empreendimentos no entorno - observa o executivo, ele próprio um amante do surfe.- Eujá estava observando essa tendência e entendia que, no Rio, ela acabaria procurando a Barra, dada a disponibilidade de terrenos e a concentração do público com esse perfil.
Tendência
O projeto do Rio se insere em uma tendência que movimenta grandes grupos. Há dois anos, a JHSF construiu o Boa Vista Village Surf Club, no interior de São Paulo, e está abrindo outro empreendimento do tipo em plena capital, em frente à Ponte Estaiada. Também na cidade, BTG, KSM Realty e Reality Properties estão lançando o Beyond The Club, no local onde ficava o Hotel Transamérica. Os títulos desses empreendimentos custam entre R$ 700 mil e R$ 1 milhão.
Quisemos nos posicionar porque sabíamos que havia a possibilidade de outros grupos virem explorar esse mercado no Rio - conta Laureano.
No Rio, um empreendimento residencial da Calper, também nas imediações do Shopping Metropolitano, está construindo uma piscina de ondas, mas ela será indoor e não funcionará no modelo de clube, com títulos permanentes.
A Brasil Surfe Clube foi criada em 2022 e, além de Laureano, tem como sócios investidores o Carpa Family Office, de Ian Dubugras (ex~ presidente do JP Morgan e do Bank of Americano Brasil), e Celso Colombo (da família que era dona da marca Piraquê).
Fonte: https://oglobo.globo.com/blogs/capital/post/2025/09/cidade-do-rio-tera-seu-1o-clube-de-surfe-com-piscina-de-ondas-projeto-de-r-1-bilhao.ghtml - Por Rennan Setti
Foto Divulgação: Projeção do BSC Aretê Búzios: sócios do projeto da Região dos Lagos poderão usufruir de piscina de clube do Rio